Recorda-te de mim

 

Recorda-te de mim quando de tarde
Gloriosa a morrer na luz do dia
E nos seios da noite a serrania
Em candores de neve se ocultar
Recorda-te de mim nesse momento
As estrelas saudosas do penar

(Recorda-te de mim, Catulo da Paixão Cearense)

 

 

 

Recorda-te de mim na tarde que agoniza

Enquanto a passarada aos poucos silencia,

E tudo tem um tom de encanto, de poesia,

E beija a rubra flor a delicada brisa.

 

Recorda-te de mim enquanto o sol matiza,

Na sua extrema-unção, com rubra galhardia

O céu azul pastel, que a terra acaricia

E vai se pôr além dos campos de altamisa.  

 

Recorda-te de mim no cheiro que se emana

Das rosas nos rosais, das plantações de cana,

Do leito em que sozinha agora e sempre hiberno.

 

Recorda-te de mim silente e a divagar...

E o dia, enfim, morrer por entre a serra e o mar,

Nas vagas do penar do amor profundo e eterno.

 

Edir Pina de Barros

 

 

 

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 20/02/2022
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