Primavera


Ah! Quem nos dera que isto, como outrora,
Inda nos comovesse! Ah! quem nos dera
Que inda juntos pudéssemos agora
Ver o desabrochar da primavera!

(Primavera, Olavo Bilac)

 

Recordo-me de ti, de teu semblante,

Rosáceos lábios trêmulos, sem pejos,

no olhar pedinte, raios, relampejos,

de tua voz rouquenha e suplicante.

 

Recordo-me de ti a todo instante,

Teu peito arfante, os íntimos arquejos,

Os pés macios, sempre tão andejos,

Teu jeito ímpar, único e elegante.

 

Ai! Quem me dera ter-te como outrora,

E que te comovesses ao me ver

Igual procede alguém que o outro adora.

 

E ter o teu amor! Ai! Quem me dera!

Floresceria em meio a tal prazer

Ainda que findasse a primavera!

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 12/06/2022
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