SONETO GLAUQUIANO
SONETO GLAUQUIANO
Sonetista cego, e de tecla afiada
Cria mil clichês, e escreve palavrão;
Do pé lambe do calcanhar ‘té o dedão
Nem a meia lhe escapa duma cheirada!
Corre sempre atrás da molecada
Fiel adorador d’um sujo chinelão
Que com a língua limpa, nunca com a mão
“Isso é coisa que não se troca por nada!”
O seu nome Glauco nunca foi garboso
É de pés e botas ardoroso amante
Estilo inconfundível –mas vicioso!-
Homem talentosíssimo desde infante
Adotou ao sobrenome de Mattoso
É cego, porém tudo vê. Não se espante!