Gota de verso.

Já não sei dos meus versos quase nada,

Nada tenho pôr sobra de uma rima.

Fiz da margem limite da alvorada,

Mas não tive coragem de ir acima.

Cada linha que estanco sangra um verso,

Dói na altura que salto para a morte.

Vem da veia entupida de universo,

Um só verso que escrevo em minha sorte.

Vou atrás de uma fonte que não rime,

Seda neutra que atraia um verbo sujo.

Já não posso sonhar em tom sublime,

Nem voltar deste sonho em que não fujo.

Já não sei do poema que há na folha

Suja em verbos e amarga até a rolha.