SONETO DO PASSADO
SONETO DO PASSADO
Ontem vasculhei o baú do meu passado
E esvaziei a gaveta que escrevi
Mil simples versos a ela e, enganado
Amando em silêncio eu sofri, sofri...
Esta casa agora é minha cova, ah! Eu vivi
Quinze anos, d’um viver desesperado;
Vivendo nela nunca soube se morri
Porém, se morri, eis - me aqui enterrado!
Tão somente de saudades me refaço
E, quando nelas encontrar o meu norte
Na direção do adeus firmarei meu passo
Pois para sofrer ainda sou muito forte,
Embora sentindo-me velho, madraço
Eu vivo a vida, mas sonho com a morte