Reparo nos meus pés enregelados
Reparo nos meus pés enregelados.
São brancos, tristes, pálidos, tão frios...
No meio da brancura vejo uns fios,
que fazem riscos frágeis, azulados.
São veias já cansadas, apertadas
que mal deixam passar este meu sangue
outrora vivo, quente, palpitante.
As unhas são também arroxeadas.
O frio sobe já por mim acima
querendo envolver-me num abraço,
num seco e tão gélido aperto.
Escrevo mais depressa esta rima,
pois sei que dia a dia, passo a passo
o fim, inexorável, está mais perto.