Voz passageira
Querida, na tu'alma que adormece
fico a cismar se alguma voz escuto...
de timbre ameno, amável e impoluto,
sou cativo da paz que me oferece.
E fico mudo a ouvi-la como a prece
que vai subindo aos céus em absoluto,
silêncio indiferente ao mal corruto,
até ultrajes mais cruéis esquece!
Mas quando outra vez tua voz procuro,
de timbre delicado sempre puro,
as naturezas de um infindo céu.
Procuro, como um louco alucinado,
mas tudo na tu'alma está calado,
e tudo quanto escuto é um escarcéu.