Negro Manto
Ninguém parece ver o imprevisível
Da minh’alma magoada e obscura.
O lado mais secreto e desprezível
- Limite entre a lucidez e a loucura.
Nem mesmo o breve brilho dessa zona,
Em que se escondem silêncios e restos.
Meus mais puros segredos vindo à tona,
Constrangimento a sobejar nos gestos.
Eu nunca disse nada, e ninguém soube,
Da solidão a se espalhar e vir,
Postando-se ao meu lado, negro manto,
Crescendo ao meu redor, até que coube
Bem dentro desse peito – contracanto -
Meu último suspiro a conduzir...