SEM CONTRASTE

Teu ser, um vulto oculto, sem contraste,

Paira em minha alma como triste pesadelo,

Pois da flor despetalada, curvou-se a haste

Pelo medo enigmático de perdê-lo;

Vagam sombras ante aos meus olhos tristonhos

E tudo é deserto,vazio e sem estrelas

E todas as esperanças que foram meus sonhos

Quedaram-se pesadamente ao perdê-las.

Hoje não há céu, nem flores nos caminhos,

Apenas a triste imensidão e dolorosos espinhos;

Nem uma flor ou lembrança de jasmim:

Só teu vulto amargo e triste, inverso

Nestas linhas disfarçadas, traduzindo em verso

Teu semblante mentalizado por mim !