Incondicionalidade

Depois de uma noite de orgia,

o ébrio adormeceu por sobre a mesa.

Dormiu -face colada na despeza-

com ar de quem pagou o que devia.

O copo ainda cheio, a mão vazia;

um toco de cigarro sem fumaça;

um guardanapo, um resto de cachaça;

vestígios de ilusão e poesia.

O bar cerrou as portas. Era dia!

A garçonete cobra-lhe a gorjeta.

E lá se foi o ébrio pra sarjeta

juntar-se à sua nobre companhia:

Um cão, que ao amigo se sujeita

e lambe-lhe os ais que balbucia.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 11/03/2008
Reeditado em 26/02/2012
Código do texto: T897180
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