Poesia Vazia
Nada tenho que seja de meu
No apogeu desta vida que vai,
E que cai, a chorar quem perdeu
E esqueceu pela estrada o seu ai.
Vou deixar nada mais que um talvez,
E outra vez vou rasgar este nó.
Quando ao pó retornar minha tez,
Tu que crês de orar sem ter dó.
No vazio da fala sem cor,
Quase em dor a palavra que vem,
Já não tem do poema uma flor
Ou pudor de fingir um amém.
Ai de quem faz do verso um penhor
Sem valor que o conduza ao além.