Flor e Inseto
Ao descerrar os olhos então vejo
Que tudo à minha volta é só afeto.
A natureza se expande em desejo
E unem-se flor a flor, inseto a inseto.
As borboletas, seus corpos são preces,
Mistério que aflora em cobiça advinda.
Ferve-me o sangue e a alma amortece,
Ante a pompa dessa fauna qu’é infinda.
Eu sinto o ardor que percorre o arvoredo,
Sorvo a volúpia até que ela me aqueça.
Fecho os olhos pra que desapareça
E eis que mantenho comigo o segredo.
Guardo a paixão em meu peito, por medo
Que o simples fato de eu dá-la a empobreça.