Poesia Neutra

Em que estrada demora esta saudade

De uma idade escondida e sem retorno,

Sem o adorno que a hora não evade,

Qual maldade que a vida faz suborno?

Onde o sonho passado em letra branca

Não estanca sequer a rima morta,

Uma porta, que ao lado enfim arranca

Uma franca e qualquer razão que entorta,

Vem plantar outro verso de passagem,

Noutra margem que espero inda voltar.

Qual é o lar do universo nesta imagem,

Que bagagem o clero joga ao ar?

Vou honrar quem padece neste forno

Seu transtorno e verdade, sua prece.