Camisa

Quando a noite chegar nesta mesa,

Na certeza da taça inda cheia

E uma ceia a esfriar minha veia,

Sou sereia sem graça ou beleza.

Vela acesa e um vinho sem marca,

E uma parca camisa sem sono.

Neste outono, adivinho o abandono,

De meu dono que a brisa fez barca.

Meu monarca sem reino e sem guia,

Seu bom dia não dado no aceno,

É o veneno que treino ao sereno,

Num terreno, que arado em mania,

Há de um dia fazê-lo ser meu,

Qual novelo em meu eu na agonia.

--------------------------------------------------------

Meus primeiros passos em "Cançao de amigo", Voz lírica feminina.