Borboletas no Olhar
Da liquidez da chuva nua e fria
E da brisa amuada eu vou zombando.
A partilhar com elas a algesia,
Eu roubo sem querer o cetro e o mando.
Qu’os passos perturbassem não queria
E à noite peço desculpas se ando,
No ermo dessa escuridão vazia,
Seu poder e seu trono maculando,
Mas me cansei da solidão vazia
De andar a balbuciar em campo aberto,
Sem fé, sem ilusão, sem companhia...
Trago borboletas no olhar, decerto,
E piso leve a não causar porfia
Co’esse silêncio em meu peito deserto.