Estro sem dono
Mi’angústia desmente o início do outono,
Pois douram folhas nas copas mais cedo,
Vem essa brisa e areja o arvoredo,
Varre o cenário do seu abandono.
Morre o verão sem langor e sem sono,
Vãos dos desejos não são satisfeitos.
Há estranhas ânsias ardendo em meu peito,
Muso sem versos e um estro sem dono.
E lá no céu vejo a estrela, seu vulto
Por trás das nuvens se encobre dolente
Sinal que à noite se esconde e se abriga.
Ouço distante nas trevas que ausculto
O som do vento ecoando em mia mente,
Triste compasso, uma música antiga...