SOBRE UMA ETERNA FONTE




                                                              Resigno-me a deixar pender meu rosto

                                                Sobre a fonte de encantos que desliza

                                               Nestas escuridões – e sinto o gosto

                                              De tua vida:onda, frescura e brisa.”

                                                                      - Cecília Meireles

 

 

Um dia, adormecerei sobre essa fonte

que não tem fim, que me fala no silêncio.

Diz-me frases tão perfeitas, e me responde

sobre sonhos e vôos que nunca ascendo...

 

Ah, eu toco essa água, eu me inundo

em corpo e alma até que a voz se cale.

Curvo o corpo, o olhar, sou um vagabundo

que abriu à vida os olhos e a ela diz: me fale!

 

Fale-me de onde vens, assim tão pura.

Água da esperança, que fiou sobre a planura

o trigo, o sangue, as lágrimas, os lírios...

 

e que ao entardecer vem iluminar meus olhos.

Solidários pirilampos que num vôo solo

mostram-me a saída da gruta onde me asilo.

 

 

 

 

 

 

(Foto: www.olhares.com)

 

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 05/04/2008
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T932759
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.