O Ouro Sedutor

Seduz-nos a pompa altiva do ouro

Cuja efusão confere à vida nobre apreço

Dos prazeres e das alegrias o endereço

É o bolso, digo-o sem nenhum desdouro.

O metal que liberta é o astro louro

O senhor que escraviza, cujo preço

Entre as belezas sorridentes reconheço

A estremecer o mais íntimo foro.

Terrível desgraça do povo carcomido

Domador do destino, deus fundido

Forjado em papel, irrevogável sentença

A uns poucos abres asas infinitas

E prostras as humanidades aflitas

Além dos ecos da inefável contingência.