Soneto das Compensações

Se o mundo é um palácio de degredo

E a carne uma alvorada turva e fria

E a mágoa cavalga a vingança sómbria

E nos arrebata o alto prêmio o medo,

Crê nesta manhã que a juventude promete

A dor em lírios virginais de amor converte

Propõe um nobre zelo aos caros anos

São valorosos os afetos esculpidos soberanos

Suave lira um som de amor em rosas verte

Congratula-te a colher essa passagem de anos

A messe tem os seres mais exigentes comovido

Seu germe de flor os outonos acaricia

Veste de lua a primavera louca erradia

E aos mais raros desejos traz doce partido.