Brinco

No balanço da sina que atordoa,

Tão à toa revivo a noite e danço

Qual um ganso furtivo na garoa,

De canoa a rotina vai ao ranço.

Numa orelha um brinco tão vadio,

Arredio e tingido em cor vermelha,

Aparelha o ruído de meu cio

Que anuncio ao trinco que aconselha:

Sê sozinha no mundo, abra a porta.

Quem aporta em seu peito não se aninha.

Sê rainha em seu jeito e não aborta,

Pois importa um segundo na sombrinha,

Que ser vinha na chuva eternamente,

Ou cliente viúva e penitente.

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Meus primeiros passos em "Cançao de amigo", Voz lírica feminina.