Noite Transfigurada

Na frescura lirial da noite enluarada

Soa dos ledos amantes a ardente alvorada

Todo o palácio se converte em alta festa

Que as orgias dos amores sacros manifesta.

Cantam as pombas da luxúria consagrada

Aos pardais dos afetos tesos da morada

Um hino cujo lírico esplendor manifesta

O céu de gozo que o celeste amor atesta.

Noturnidades de anjos e de lírios

Opalas doces pelos parques dos delírios

Aves, que o coração torna sedentas.

Dos astros soam nas leis celestiais

Vão transfigurando os êxtases carnais

Em carnavais auroras tesas, lentas.