Menina selvagem!

Menina selvagem

Menina selvagem! Me lembro da primeira vez que a vi...

Virgem na mata intocável; pensei em aproximar, não tive tal ousadia.

Embreava na selva, falava com a lua, pro sol se despia!

A água era sua veste, quando queria; rolava na relva, toda macia!

Sua região, só via de longe! Demarcava, cuidava, preservava!...

Cio, cheiro inalava, a flor; troncos torneados dormiam no chão.

Água cristalina, nódoa escorria do seu sulco; saía da folha umidecida!

O tempo amadureceu a fruta. Floresta colorida em púrpura. Era verão!

Menina selvagem! Eu não tinha maldade...Era menino também!

Seu corpo esculpido no céu! Destreza! Despido na minha memória!

Minha fome! Minha sede! Meu néctar! Meu mel! Acabou minha história!

Fui embora, talvez por medo, covardia, pudor. A um aventureiro perdi. Mais forte, conquistou a terra fértil. Invadiu as entranhas da mata!

Roubou minha fruta. Hoje minha vida ceifou. Sem sonhos, sem graça!