Transmutação
Em tempo saberei, foi breve a vida
E tão antiga a sombra aquém do fim.
Cruel e vã demais pra ser guarida,
A morte me aproxima mais de mim.
Meus olhos fecharão à realidade,
Sequer no inconsciente irei estar.
Despertarei, em sã bestialidade,
Os ecos de um vazio a ressoar.
Acabrunhada e só, planando ao léu,
Profundo abismo, inerte, saltarei.
Extraviada entre o inferno e o céu.
Min’alma, que era eterna, perderei.
Então se rasgará do tempo, o véu
E o que eu pensava ser já não serei.