Emaranhado!

Quando a dor é maior do que a ferida aparente

e em chaga viva é tortura que fragmenta o eu

qualquer abandono a mais é solidão, é enxente

que afoga a fantasia do sonho que se perdeu.

Quando a alma se perde na florida estrada

e já não contempla as cores com alegria

nada mais resta para animar a caminhada

tem por único refúgio a já cansada poesia.

Quando a veia que irriga a vida se rompe

e a sangria se desata na hemorragia fatal

não há mais torque, não há mais horizonte.

Quando a esperança é apenas um tênue fio

e se perde em meio ao temor do juízo final

deixa-se conduzir à deriva no mar bravio.

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 20/05/2008
Código do texto: T997762