Emaranhado!
Quando a dor é maior do que a ferida aparente
e em chaga viva é tortura que fragmenta o eu
qualquer abandono a mais é solidão, é enxente
que afoga a fantasia do sonho que se perdeu.
Quando a alma se perde na florida estrada
e já não contempla as cores com alegria
nada mais resta para animar a caminhada
tem por único refúgio a já cansada poesia.
Quando a veia que irriga a vida se rompe
e a sangria se desata na hemorragia fatal
não há mais torque, não há mais horizonte.
Quando a esperança é apenas um tênue fio
e se perde em meio ao temor do juízo final
deixa-se conduzir à deriva no mar bravio.