Como é um soneto

O autor é: João da Cruz e Sousa

Do som, da luz entre os joviais duetos,

Como uma chusma alada de gaivotas,

Vindos das largas amplidões remotas,

Batem as asas todos os sonetos.

Vão – por estradas, por difíceis rotas,

Quatorze versos – entre dois quartetos,

E duas belas e luzidas frotas,

Rijas, seguras, de mais dois tercetos.

Com a brunida lâmina da rima,

Vão céus radiosos, horizontes acima,

Pelas paragens límpidas gentis,

Atravessando o campo das quimeras,

Aberto ao sol das flóreas primaveras,

Todo estrelado de áureos colibris.

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