ESCREVER BEM ... ARTE OU NECESSIDADE?

Caro leitor:

Meu objetivo aqui é orientá-lo a produzir textos claros, coerentes e organizados, adequando a linguagem às diferentes situações de uso, principalmente às situações com as quais você se depara, certamente, ao inserir-se no mercado de trabalho.

Nesse sentido, é pertinente a afirmação de João Siqueira Sayeg: “Pensar em texto é pensar em nossa vida diária”. E acrescenta: “Quantas decisões importantes não dependem, única e exclusivamente, de um texto bem escrito? Ou, encarando a questão de outro ângulo, quantos problemas um texto mal escrito pode acarretar!”

A tarefa é árdua, mas gratificante. E tudo ficará mais fácil, prezado leitor, se você...

- tiver, realmente, vontade de aprender a escrever bem.

- não se deixar abater diante das dificuldades.

- ler com frequência textos variados (livros, jornais, revistas, gibis, etc), prestando atenção na maneira como as outras pessoas escrevem.

- escrever um pouquinho diariamente (uma piada que o colega contou, um fato engraçado ocorrido em casa ou na escola, ou algo que lhe proporcionou alegria, tristeza ou decepção) e guardar os textos.

- não tiver “preguiça” de reescrever as próprias produções.

- consultar o dicionário sempre que estiver lendo ou escrevendo. E procurar, na medida do possível, empregar nos textos algumas palavras novas que acabou de conhecer.

1. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

Não existe “erro” em Português. Considerando que a língua é um instrumento de comunicação, você fala ou escreve adequadamente, desde que o ouvinte ou o leitor compreenda a sua mensagem. Existem, sim, variações regionais ou sociais da língua, com determinados “desvios” das normas ou regras recomendadas pelos gramáticos.

Observe o diálogo:

— Cadê a Ritinha?

— Nóis num sabe, pai. Mas vamo procurá ela.

Perceba que as personagens se entendem, ou seja, existe uma comunicação entre elas, da mesma forma que haveria comunicação se o diálogo fosse assim elaborado:

— Onde está a Ritinha?

— Não sabemos, pai. Mas iremos procurá-la.

Não se pode dizer que uma dessas formas de uso da fala é mais correta ou melhor do que a outra.

Ocorre que o segundo caso corresponde ao tipo de linguagem mais aceito pela sociedade, por ser a linguagem do grupo social dominante, com melhores condições econômicas. É a chamada “norma culta”, a língua “oficial” que os professores ensinam na escola.

Por isso, sem abandonar a sua maneira espontânea de se expressar nas situações do cotidiano, é importante que você saiba também falar e escrever de acordo com a norma culta e socialmente preferida.

É que a sociedade, muitas vezes, avalia as pessoas pela linguagem.

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A REESCRITA DO TEXTO

Antes de iniciarmos a produção de um texto, devemos pensar, refletir bem a respeito do que vamos escrever, a fim de organizarmos convenientemente as ideias. O passo seguinte é passá-las para o papel. Durante o ato mecânico de escrever, não precisamos nos preocupar com as regras gramaticais, para não interrompermos o fluxo de ideias.

Depois de escrever, vem o rever e o reescrever.

Ao relermos a produção, é necessário conferirmos se o que está no papel é o que realmente pretendíamos dizer. A seguir, tentamos melhorar a construção das frases, eliminando eventuais repetições e noções confusas. A etapa posterior compreende a revisão estritamente gramatical, ou seja, devemos verificar se houve desobediência às convenções da língua: concordância, pontuação, ortografia e acentuação.

Mas não basta apenas a correção gramatical. É preciso, na reescritura do texto, eliminarmos o supérfluo, buscando a clareza e a eficiência da mensagem. Isto feito, o texto pode ser finalmente considerado pronto.

(Dorival Coutinho da Silva)

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Leia também:

(20/07/2008) DICAS PARA ELABORAÇÃO DE FRASES

(11/05/2012) PRÁTICA DE REESCRITA (Textos do cotidiano)

Dorival Coutinho da Silva
Enviado por Dorival Coutinho da Silva em 19/07/2008
Reeditado em 29/05/2012
Código do texto: T1087534
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