A poesia está no ar: portanto flua através dela (infanto-juvenil)

            "Bem cedo, mal rompe o dia,

já estão gorjeando as aves

os seus pipilos suaves

em desusada alegria." (...) ··Francisca Júlia da Silva Münster (1871 _1920)".

 

Amiguinhos e leitores do Recanto, a poesia sem dúvida abrange o universal de toda a cultura, vai além de uma leitura racional, pois aborda sentimentos muitas vezes descobertos através dos seus versos, com certeza o leitor da poesia também é um pouco criador no momento que a memoriza para que faça parte do seu "eu" mais íntimo.

Para os poetas modernistas como Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, a poesia tinha que ser escrita com simplicidade para poder revelar ao "leitor-poeta" a poesia da "vida como ela é". A poesia para eles é a marca da linguagem, a qual através dos seus versos mostra o que não se pode ver por isso é tão sublime. Todo o poeta é um amante da natureza, mesmo antes de toda a apologia feita pelos ambientalistas no final do século XX, a poesia e o poeta, já dignificavam mesmo que subjetivamente a responsabilidade de cada um para com o meio ambiente.

Álvares de Azevedo escrevia com uma emoção, que muitas vezes excedia as raias da loucura, e sempre pedia desculpas por ser tão jovem e imaturo para estar experimentando a arte de criar poesias (em meados do século XIX), coloca os elementos da natureza, como fazendo parte de um cenário contendo uma função tão expressiva, que com imaginação e fantasia, podemos sentir cada palavra, de cada verso, de cada estrofe reverbando e fluindo dentro do nosso interior.

O poeta Álvares de Azevedo demarcou junto com outros poetas do seu tempo uma visão transcendente da natureza profundamente coerente, consciente e belo na sua poesia: Na minha terra.

"Amo o vento da noite sussurrante/ a tremer nos pinheiros,/ e a cantiga do pobre caminhante/ no rancho dos tropeiros; // e os monótonos sons de uma viola/ no tardio verão,/ e a estrada que além se desenrola/ no véu da escuridão; // a restinga da areia onde rebenta/ o oceano a bramir,/ onde a lua na praia macilenta/ vem pálida luzir; // e a névoa e flores e o doce ar cheiroso/ do amanhecer na serra,/ e o céu azul e o manto nebuloso/ do céu da minha terra".

Para gostar da poesia é preciso desconstruir a maneira formal de ler e compreender o que pensamos ser o real, é ir em busca do irreal e para isso acontecer devemos abandonar o medo de experienciar os momentos catárticos impostos pela poesia e deixá-la fluir por nossas veias.