Os signos e a fenomenologia: relação.

Cabe de início uma questão: como se daria a fenomenologia se não existissem os signos para propiciarem os fenômenos? O fenômeno real ou não só se processa a partir de uma situação, material ou imaterial, que o induza, algo capaz de despertar a ação mental. Se partirmos dessa premissa, podemos entender, então, por que o mundo só se daria no plano das idéias: onde tudo começaria.

O signo vai se traduzir em significado no momento em que já tivermos alguma experiência diante dele, por exemplo: fogo é quente, mas só saberemos a dimensão do “quente” quando houver uma condição anterior que permita esse saber. Nesse instante entra uma lógica já empírica: o fenômeno se traduz em sensação térmica.

A fenomenologia tem como objeto de estudo o fenômeno em si, isto é, as coisas em si mesmas e não o que elas significam para o sujeito. A semiótica procura quebrar esse isolamento do fenômeno, estabelecendo as relações dos fenômenos externos (signos) com fenômenos internos (significados) que são determinados com base nas experiências vivenciais de cada um.

A semiótica é uma ciência que analisa as mensagens, sejam elas verbais, sonoras, gestuais ou através de imagens e, como essas mensagens jamais se esgotam, então a categoria do terceiro ou interpretação não terá um limite, nossa condição de tradutores de um pensamento em outro pensamento é infinita, uma vez que, estamos suscetíveis a uma renovação nas formas de mensagem e nas suas possíveis significações.

A primeiridade é a impressão inicial diante dos fenômenos. A secundidade trata de uma relação que se processou da ação dos fenômenos sobre nós, é a nossa relação ao primeiro estímulo. A terceiridade funde as duas primeiras categorias, referindo-se a um pensamento, a uma conclusão analítico-reflexiva que permite compreender, interpretar e traduzir a situação dentro de uma lógica significativa.

Podemos concluir, portanto, que quando afirmamos: “a primeira impressão é a que fica” se estivéssemos compartilhando das teses de Peirce estaríamos enganados ao afirmar isso. Para essa “primeira impressão” se estabelecer a ponto de “ficar” já houve uma interação da primeiridade com a secundidade. A afirmativa correta é: “a terceiridade é que fica”. Mas não definitivamente, como citado acima, fica até que esse processo interpretativo resultado da terceiridade seja confrontado com outra situação de primeiridade. Haverá uma seqüência infinita, o fenômeno e suas implicações se sucederão num movimento circular.

Primeiridade e secundidade são elementos, necessariamente, que estarão dentro da terceiridade funcionando como uma escada para a construção do sentido. O signo é classificado como um primeiro, o objeto é um segundo e o interpretante é um terceiro e, essa seqüência não se esgota, assim como nossa condição de seres capazes de estabelecer uma lógica entre o que seria a qualidade, a relação e a representação.

Roselene Berbigeier Feil
Enviado por Roselene Berbigeier Feil em 03/06/2009
Código do texto: T1630783
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