OS DEZ CLÁSSICOS DA LITERATURA: 7º LIVRO

OS DEZ CLÁSSICOS DA LITERATURA

PS: ESSA É A MINHA ESCOLHA PESSOAL, DIFÍCIL, MAS, ME BASEIO NOS ESTUDOS FEITOS POR ALGUNS CRÍTICOS E POR MINHAS LEITURAS.

FOI UM TRABALHO QUE FIZ PARA NORTEAR OS MEUS ALUNOS DE LITERATURA! VOCÊ PODE FAZER A SUA LISTA, CARO LEITOR!

PEQUENA BIOGRAFIA DO AUTOR DA OBRA

Mário Raul de Moraes Andrade, no dia 9 de outubro de 1893, filho de Carlos Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade; na Rua Aurora, 320, em São Paulo - SP.

Coberto de reconhecimento pelo papel de vanguarda que desempenhou em três décadas, Mário de Andrade morreu em São Paulo - SP em 25 de fevereiro de 1945, vitimado por um enfarte do miocárdio, em sua casa. Foi enterrado no Cemitério da Consolação. Publicação de Lira Paulistana e Poesias completas.

Um capítulo à parte em sua produção literária sem fronteiras é constituído pela correspondência do autor, volumosa e cheia de interesse, ininterruptamente mantida com colegas como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Fernando Sabino, Augusto Meyer e outros. Suas cartas conservaram, de regra, a mesma prosa saborosa de suas criações com palavras.

Macunaíma (1928) - Mário de Andrade (1893-1945). Obra de ficção mais importante do modernismo brasileiro, "Macunaíma", "o herói sem nenhum caráter", sincretiza o que Mário de Andrade considerava as características do povo brasileiro: índio, negro e branco, desleal, ambicioso, coração mole, corajoso, mas preguiçoso.

O livro tem como personagem principal exatamente o Macunaíma, cuja origem é narrada logo no início do livro. Nasceu pretinho e feio, depois, já adulto, toma banho em uma poça mágica e fica branco. Preguiçoso, o herói ficou os seis primeiros anos sem falar. Quando abriu a boca, proferiu somente: "Ah, que peguiça". Egoísta e trapaceiro, visava tão somente sua própria satisfação. Era esperto e inteligente, conseguia se safar das mais difíceis situações. Mário de Andrade quis, com o personagem, revelar uma feição do brasileiro, cujo processo de formação não se completara.

Para reforçar o processo, Macunaíma nasce negro, filho de uma índia, tem um irmão índio, Maanape, e outro negro, Jiguê. Ao tomar banho, torna-se branco. Além disso, embora nasça na região amazônica, viaja pelo Brasil em lances mágicos. Ora está no norte, ora no Sul. De qualquer modo, como ponto central, está sua ida a São Paulo na tentativa de recuperar a Muiraquitã, que fora roubada pelo gigante comedor de gente. São esses aspectos todos que explicam a classificação do livro como pertencente ao pensamento antropofágico, isto é, à mistura cultural e racial que colaborou decisivamente para a constituição do brasileiro.

O objetivo último era, pois, o de mostrar na forma e no conteúdo como o brasileiro ainda não tinha completado sua formação, seu caráter, no sentido de aquilo que o caracteriza, que o identifica como ser.

Quanto ao GÊNERO, Macunaíma pode ser classificado como rapsódia, por se tratar de um agrupamento de lendas, narrativas populares e fatos históricos. Apesar disso, o autor o classificou como romance à maneira do Palmerin d'Inglaterra. Há ainda a possibilidade de ver no livro traços de epopéia, como nas Chansos de Roland. Enfim, a classificação é tão variada como o próprio personagem principal.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Este romance é escrito depois da Semana de Arte Moderna e está dentro da história da Literatura Brasileira na 1ª geração modernista que caracteriza com a preocupação da ruptura, rejeição da herança do passado e de mudança.

Na mitologia indígena, tudo se transforma em alguma coisa, pois a morte não é encarada com o desaparecimento total. Já o modernismo pregava a modernidade, a liberdade de expressão, contestação do passado, pois o passado é apenas uma simples imitação do que lhes foram impostas. Há também o aparecimento da antropofagia através do personagem, Piamã, comedor de gente.

Macunaíma é um romance nacionalista. Neste livro, a ausência de vírgulas e pontuação, é uma influência das vanguardas européias, causando efeito melódico e era o que pretendiam alcançar.

Nesta obra, apresenta o aspecto, do princípio que é o indianismo "Herói de nossa gente", semelhança com José de Alencar em Iracema.

O nome Macunaíma, que significa o grande mal, coisa ruim, já é o primeiro dado da sátira, de crítica, mas por outro lado tem "Herói de nossa gente", com tom profético ironizando, pois Cristo é o salvador. Isso aparece como uma visão de um herói pícaro ou de um herói às avessas, pois a caracterização dos heróis em outras obras são lindos, belos e perfeitos e já em Macunaíma, os seus defeitos estão mais exaltados, ou seja, mais evidentes do que as suas qualidades.

O autor deixou indefinido o espaço e o tempo em que se passa a ação. A literatura moderna queria a origem popular e o apego às lendas não só com palavras, mas também com o modo de expressar: "No fundo do Mato- Virgem", expressão "fundo" designa fazenda, que é uma nomenclatura de onde ainda não penetrou a civilização, estando sem contato com a raça invasora.

A cor preta é insólita, ou seja, não é comum, devido ao fato de Macunaíma não ser um índio comum. Quando Mário de Andrade retrata Macunaíma sendo de cor preta, ele conta a história brasileira, devido à fuga dos escravos que se misturaram com os índios, resultando no índio negro.

Bibliografia:

ANDRADE, MARIO DE, Macunaíma _ Editora: AGIR, 1ª Edição - 2008, 240 pág.

Andrade, Mário – Macunaíma, Ed. Ática, São Paulo, 2ª ed.