Apresento um pequeno estudo sobre vogais e semivogais, que também tem relação com a questão da escansão dos versos. Pode esclarecer questões mencionadas em textos anteriores sobre Sinalefa e Dialefa, isto é, quando, entre duas palavras, se faz ou não a junção entre as "vogais" e "semivogais". Ele é bem elementar mas, para acompanhá-lo, é importante que o leitor deixe de lado a noção mais corrente sobre o assunto.


Divisão silábica: particularidades
(vogal e semivogal)


O estudo e a compreensão das vogais envolve vários componentes, ou aspectos. Nos trabalhos, que têm sido expostos no tópico de Análise Literária, surgem com maior freqüência comentários a respeito das consoantes; em relação às vogais, a menção restringe-se a abertas ou fechadas.

Segundo o grau de especialização do autor, o estudo das vogais será cada vez mais extenso e abrangente. No Google há muitos deles, mas um certo conhecimento de nossa parte, permite filtrar os melhores. Há um estudo simples e bom disponível para os interessados no link: http://www.radames.manosso.nom.br/gramatica/vogal.htm
Nele, o autor informa sobre a grande variedade de vogais que podem ser atualizadas pela fala. Desde já fica claro que não estamos falando das letras que representam os sons vocálicos; estamos falando dos sons em si. É útil ter em mente as seguintes distinções:

Letra: é o sinal gráfico, simples ou composto, que representa os fonemas de determinadas línguas.

Grafema: é a unidade formal mínima, gráfica ou pictórica, da escrita, correspondente a um fonema (a letra é uma delas). Pode ser um dígrafo, um ideograma, enfim qualquer representação grafada, desenhada, gravada, de uma unidade de som.


Fonema: é a menor unidade sonora produzida pelo aparelho fonador; é a menor unidade fonética de uma língua.

Dentre os fonemas, representamos as vogais por: á, â, ã;  é, ê, ~e;  ó, ô, õ;  i, ~i; u, ~u  * (poucos não estão no seu celular...) e as semivogais por (yode) y (uivo, mãe, área, tê(i)m, també(i)m, vive(i)m; nos três últimos exemplos vogal  e semivogal) e (wau) w (automático, móvel, pão, frequente, falam).

Importa definir o que se entende por vogal (incluso, semivogal).

Vogal é um fonema sonoro (redundância, porque não existem vogais surdas, mas é assim que se define), um fonema sonoro, que passa pela boca livremente, sem encontrar nenhum tipo de obstáculo à passagem do som (do ar). É um som que se produz apenas pela vibração das cordas vocais; a ação da língua a  posição da boca não lhe interpõem um obstáculo.

Na velocidade com que o conhecimento avança, os conceitos são continuamente ampliados e novas nomenclaturas surgem, a todo momento. Entretanto, para o poeta e sua necessidade de fazer a escansão dos versos, a fim de obter o número de sílabas poéticas, a distinção entre vogais e semivogais e algumas generalidades sobre os tipos de vogais, são suficientes:

Segundo a região da articulação:  anteriores, (frontais, palatais)
                                                               centrais
                                                               posteriores (velares)

Segundo a grau de abertura:         abertas
                                                              semiabertas
                                                              semifechadas
                                                              fechadas

Segundo o posicionamento dos lábios:   arredondadas
                                                                           distensas

Segundo o local de passagem do ar:       orais
                                                                           nasais

Semivogal é um fonema sonoro (redundância, porque não existem vogais surdas, mas é assim que se define), um fonema sonoro que passa pela boca sem livremente, sem encontrar nenhum tipo de obstáculo à passagem (do ar) do som. É um som que se produz apenas pela vibração das cordas vocais; a ação da língua a  posição da boca não interpõem um obstáculo. Note-se que a definição é a mesma. Qual seria então a REAL diferença entre vogal e semivogal?

A VOGAL SEMPRE FUNCIONA COMO NÚCLEO SILÁBICO; A (OU AS) SEMIVOGAIS SEMPRE APARECEM ACOMPANHANDO AS VOGAIS.

Há uma excelente dica para diferenciar no link citado:

“As semivogais são derivadas de vogais  emitidas em condições específicas que lhes dão características acústicas diferenciadas. Basicamente, uma semivogal acontece quando fazemos uma emissão vocálica na adjacência de outra vogal que funciona como núcleo da sílaba. A semivogal tem uma característica acústica reduzida em função de gravitar em torno da vogal nuclear da sílaba.
Percebemos mais claramente as diferenças entre vogal e semivogal se alongarmos a pronúncia de sílabas que contem semivogal. O alongamento se dará na vogal e não na semivogal como na frase:
É goooooooooooooooooool.
É do Brasiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiil.
Na frase do exemplo o alongamento se dá nas vogais /ô/ da palavra gol /gôw/ e /i/ da palavra Brasil /bráziw/. A semivogal /w/ presente nas duas palavras não é alongada. Se fosse, teríamos uma mudança fonológica nas palavras que causaria a criação de uma nova sílaba.
Tradicionalmente, já se firmou entre os foneticistas a tendência para considerar semivogais como entidades diferenciadas das vogais. Esse procedimento é apenas uma convenção que remete a tradição histórica. Não haveria problema em se considerar as semivogais como vogais que não estão funcionando como núcleo silábico.”
http://www.radames.manosso.nom.br/gramatica/vogal.htm

Parece que sempre há uma tendência para complicar e não, para simplificar e tornar mais claro. Entretanto, esse autor, com rara felicidade, fornece um elemento prático de distinção que atende plenamente as necessidades do poeta. Uma sílaba tem uma, e apenas uma, vogal, a tônica, a mais forte. Se numa sílaba há dois ou três grafemas representando aquilo que costumamos chamar de vogal, apenas um deles representa uma vogal, os restantes, para aquele caso, estarão representando uma semivogal.

Nilza Aparecida Hoehne Rigo


* não disponho ou não conheço o recurso para representar i, o, u, com til