QUERIDOS RECANTISTAS:

Queridos irmãos de sonhos do Recanto das Letras

Desejando-lhes Feliz Natal e Venturoso 2011, extensivo aos seus familiares, estou anexando um pouco do discurso em Trovas, feito no dia 30 de novembro, último, em minha posse na Academia Brasileira de Trova, na Cadeira Patronímica de Élton Carvalho.

Não coloquei um número maior de Trovas para que a matéria não ficasse longa e cansativa.

Agradecendo pela amizade de todos, almejo que Deus proporcione a vocês e aos seus entes queridos tudo o que se fizer necessário para uma felicidade plena e infinita.

Digníssima Presidente,

minhas senhora, senhores,

cada amigo aqui presente,

meus bons irmãos Trovadores.

Ilustres membros da Mesa,

Alba, madrinha querida,

este dia é, com certeza

mais um marco em minha vida.

Coube-me a felicidade de ver criada uma nova Cadeira Patronímica na A. B.T. - Academia Brasileira da Trova em homenagem ao saudoso Poeta e Trovador Élton Carvalho para que eu tivesse a alegria de ingressar nesta colenda Academia.

Porém, o motivo real da demora em atender esse convite foi o fato de pertencer a várias outras agremiações literárias, o que não me possibilitava tempo para assumir novos compromissos.

Contudo, criada a Cadeira Élton Carvalho, jamais poderia me furtar a assumir o honroso convite para fazer parte deste sodalício que consagrou o referido Poeta, Trovador e excelente cantor e declamador como um de seus ilustres patronos.

E, para demonstrar o quanto foi merecida a homenagem a ele prestada, registramos alguns trabalhos de sua autoria que justificam, sobremaneira, a láurea que lhe foi concedida pelo saudoso irmão Trovador Onildo de Campos, Presidente, e demais membros da diretoria da ABT naquela oportunidade.

Élton Carvalho é um nome nacionalmente conhecido, admirado e respeitado, seja como o Poeta que compunha poemas, sonetos, trovas etc., seja como Poeta que compunha sonetos, poemas livres, Trovas etc. seja como Professor Militar, Conferencista, seja como chefe de família e amigo. Em síntese, um grande brasileiro que

nasceu para brilhar no campo das Armas, da Poesia, do Magistério e também no seio da família.

Élton Carvalho, nasceu em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, no dia 29 de agosto de 1916. Era filho de Dona Eulina Gomes Carvalho e de Eugênio de Carvalho e casado com a Trovadora Maria Nascimento Santos Carvalho desde 29 de julho de 1969.

Élton Carvalho, apesar de produzir muitas trovas humorísticas brincando com as sogras, com as coroas, era um grande admirador das mulheres e um genro excepcional, que demonstrava em cada palavra, em cada gesto, o carinho e o respeito que devotava à sua sogra, à sogra de seus amigos, às pessoas idosas, aos mais humildes.

Assim sendo, como mulher e porque não dizer, como coroa e viúva de Élton Carvalho, espero que cada sogra, cada coroa, cada mulher, guarde no coração com muito carinho as suas trovas, todas de primeiríssima qualidade, como comprovarão à medida em que as lerem, no livreto ofertado.

Élton Carvalho iniciou sua carreira militar na Arma de Infantaria e, graças aos seus esforços e dedicação, pôde encerrá-la como General - de- Divisão do Exército Brasileiro depois de permanecer na instituição por mais de quatro décadas. Exerceu, por muitos anos, a função de Professor Catedrático de Filosofia, no Colégio Militar do Rio de Janeiro.

A partir de 1970, ingressou, como Professor, na Escola Superior de Guerra, tendo realizado mais de 100 Conferências, em todo o território nacional.

Como era contista e compositor, compôs o dobrado do 13º Batalhão do Exército de Ponta Grossa – PR, em coautoria com o General de Exército Ernani Airosa, ex- ministro da Guerra . no governo do General João Figueiredo e Everaldo José da Silva. Este dobrado até hoje é executado nos eventos militares da região.

Em 1983, reformou-se no Exército.

Élton publicou vários livros: “Instantâneos”, 1973 (200 Trovas líricas e filosóficas); “Sogra, Coroa, Bebida e Outras Bombas”,1974 (200 trovas humorísticas); “Ciranda de Sonhos”, 1979, (200 trovas líricas e filosóficas); “Aquarelas”, 1981 (500 trovas líricas e filosóficas); “Rosas na Pedra” 1984 , (com 40 poemas e 25 sonetos) e “Sogra... & Outras Piadas” 1993, (com 250 trovas humorísticas).

Foi o único autor a produzir dois livros exclusivamente com trovas humorísticas. Escreveu um mini romance: “A História do Sapateiro” infanto-juvenil e “Miragens” Sonetos.

Deixou inéditos os livros : Oásis; Ferro Velho; Rosas na Pedra; A Vida em Quatro Versos; Feira de Humor; Piadas sem Sal; Sucata; (todos de trovas) A História do mau Sapateiro; (mini-conto), Miragens; (sonetos) etc.

São de Élton Carvalho as Trovas abaixo:

Pelos abismos profundos,

nos confins da Terra imensa,

no mais distante dos mundos,

DEUS é a infinita presença !

Socorre, irmão, no caminho,

teu irmão que nada tem ...

Não existe irmão sozinho :

todo irmão é irmão de alguém !

Quem perdeu amor recente

e se ressente de amor,

se apega à cinza ainda quente,

porque sente algum calor.

A honra - bem definida

-é ou não é, sem talvez;

e é singular como a vida,

pois só se perde uma vez.

Ternura é um anjo sem asa

que já veio à Terra um dia

e morou na minha casa

quando a minha mãe vivia ...

Chorando, o Tempo, lá fora,

põe lágrimas nos beirais.

Feliz do Tempo, que chora

- que eu nem prantos tenho mais.

Seria ideal a vida,

maravilhosa e tão doce,

se você fosse, querida,

como eu queria que fosse ...

Há, no mundo, tanta gente

cumprindo inúteis papéis,

cujas mãos servem somente

para ostentar os anéis ...

Eu já sei, desde criança,

quando aprendi a rezar,

que a gente perde a esperança,

mas Deus ajuda a encontrar.

Vem, palhaço, sem tardança,

com teus trejeitos, teus chistes,

e acorda a alegre criança

que dorme nos homens tristes ...

Sentem os rudes e os sábios

- menos os pobres ateus -

que a prece é a alma nos lábios

quando se fala com Deus.

Servir tem sido o meu fado :

já balizei tantas rotas

e, hoje, farol apagado,

sirvo de pouso às gaivotas ...

Na solidão que me arrasa,

órfão de amor e carinho,

enchi de espelhos a casa

pra não me sentir sozinho.

Angústia é mágoa, é desgosto

que transparece no olhar

e mostra o pranto no rosto

dos que não sabem chorar.

Em que infinito se esconde

esse Deus tão grande assim?

E minha fé me responde:

- Não se esconde. Mora em mim!

Um grande abraço agradecido da amiga que muito os admira, respeita e preza,

Maria Nascimento Santos Carvalho

Élton Carvalho (em memória)
Enviado por Élton Carvalho (em memória) em 25/12/2010
Código do texto: T2690883