Pavão misterioso

Pavão misterioso

Pássaro formoso

Tudo é mistério

Nesse teu voar

Ai se eu corresse assim

Tantos céus assim

Muita história

Eu tinha prá contar...

Pavão misterioso

Nessa cauda

Aberta em leque

Me guarda moleque

De eterno brincar

Me poupa do vexame

De morrer tão moço

Muita coisa ainda

Quero olhar...

Pavão misterioso

Pássaro formoso

Tudo é mistério

Nesse seu voar

Ai se eu corresse assim

Tantos céus assim

Muita história

Eu tinha prá contar...

Pavão misterioso

Pássaro formoso

No escuro dessa noite

Me ajuda, cantar

Derrama essas faíscas

Despeja esse trovão

Desmancha isso tudo, oh!

Que não é certo não...

Pavão misterioso

Pássaro formoso

Um conde raivoso

Não tarda a chegar

Não temas minha donzela

Nossa sorte nessa guerra

Eles são muitos

Mas não podem voar... (Ednardo - 1974)

Pavão misterioso era o próprio pensamento que guardava seu mistério, em uma época em que a arrogância e o poder queriam esmiuçar até os desejos mais profundos da mente do povo. Mas este pensamento, que por sua característica em voar tão alto, escondendo-se nas cores e formas de suas plumas, conseguia ainda enganar em sua formosura. Pois, naquela época, o vôo do pavão devia ser mantido em mistério, quanto mais plainava sobre as terras do Brasil. O desejo de que o corpo pudesse voar por tantos céus assim, por tantos lugares, vendo tudo pelo prisma da liberdade plena, faria com que pudesse se contar muita história, e talvez mudar a história. Pavão misterioso com uma cauda aberta em leque, para refrescar o corpo e a alma fatigados e suprimidos pela lei imposta, qual um moleque inocente correndo pelos campos, praças, montanhas ou ruas com um eterno brincar, e jamais pensando em se deparar com a morte na mais tenra juventude, pois muito ainda queria ver. Pensamento misterioso, com medo do escuro e da noite, que buscava aprender a cantar, tentando seus males espantar através das faíscas dos relâmpagos neuronais ou do trovão da descoberta de verdades, que viria a destruir tudo aquilo que não estava certo, e não estava certo. Pavão misterioso, pássaro formoso, as trevas de um vampiro sugador não tardarão a chegar, nestes tempos, e devo proteger o meu amor e assegurá-la que, apesar da horda que segue este vampiro ser tão imensa, jamais poderá voar tão alto como o meu pensamento pavão misterioso.

Antonio Marques de O Santos
Enviado por Antonio Marques de O Santos em 20/07/2013
Reeditado em 28/11/2013
Código do texto: T4395487
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