ANADIPLOSE e uma IMPUTAÇÃO DE PLÁGIO

A Anadiplose, é um figura de linguagem que foi muito empregada no Classicismo e no Barroco.

O Classicismo foi um movimento literário-cultural da Idade Média (séculos XV e XVI), tendo surgido no Renascimento Europeu. Sua proposta era o retorno aos temas e formas da Antiguidade Clássica, ou seja, isnpirados em Sófocles, Homero ou Esopo, falando da Grécia Antiga, ou Julio Cesar, Marco Tulio ou Virgílio, falando de Roma Antiga. Seus expoentes foram Francisco Sá de Miranda, Camões, Miguel de Cervantes e Dante Alighieri.

 

Já o Barroco, que surguliu na Itália e de lá se espalhou para toda Europa e Américas, foi um estilo que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII. Tinha a mesma proposta do Classicismo, porém, com ênfase no dualismo (sagrado x profano), cultismo (jogo de palavras, realismo e excesso de detalhes.

Foram expoentes deste estilo: Padre Antonio Vieira, Gregorio de Matos, La Fontaine e Voltaire. 

 

A Anadiplose consiste em repetir uma palavra, em geral a última de um parágrafo ou verso, para dar ênfase ao texto. Em geral, esta palavra é repetida no inicio do verso ou da frase seguinte. Vários autores clássicos, principalmente brasileiros, usaram deste recurso nos seus textos. Mas este recurso foi também utilizado por autores espanhóis ou ingleses, em menor número.

 

Um exemplo é este poema de Gregório de Matos (1636-1696), publicado em Crônica do Viver Baiano Seiscentista.

 

“Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade,

É verdade, meu Deus, que hei delinqüido,

Delinqüido vos tenho, e ofendido,

Ofendido vos tem minha maldade.

 

Maldade, que encaminha à vaidade,

Vaidade, que todo me há vencido;

Vencido quero ver-me, e arrependido,

Arrependido a tanta enormidade.” (Gregório de Matos)

 

Ou este outro extraído do soneto "Sonho profundo" de Cruz e Souza (1861-1898) publicado no livro "Ultimos sonetos" cuja primeira edição foi lançada em 1905 pela Livraria Francisco Alves, RJ. Obra póstuma

 

“Sonho Profundo, ó Sonho doloroso,

doloroso e profundo sentimento!

Vai, vai nas harpas trêmulas do vento

chorar o teu mistério tenebroso”. (Cruz e Souza)

 

Ou ainda este outro de Manoel Bandeira.

 

“- Grilo, toca aí em solo de flauta.
De flauta? Você me acha com cara de flautista?” (O Grilo, Manuel Bandeira)

 

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Portanto, a falácia da sra. Suely Reis que se autodenomina aqui neste RL de "simplesmente sys" de que eu a tinha plagiado quando criei o estilo Reverbera-Trio, está aí desmascarada!! Se alguém plagiou alguém, foi ela quem plagiou os poetas do Cassicismo. Ou terão sido eles, nos séculos XV e XVI que plagiaram ela também, como eu o fiz, segundo ela? É bem capaz de ela querer acusá-los também de plágio! Não duvidem! 

 

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Os outros vinte exemplos a seguir, foram extraídos do texto "20 exemplos de Anadiplose", disponível em 

20 Exemplos De Anadiplose | 2023 e consultado em 05/12/2023.

 

  1. hoje está longe de ayer,
    ayer nunca é nunca.
    (Antonio Machado – “Dicas”)
  2. Eu sempre me lembro daqueles palavras,
    palavras que marcou meu ser e minha alma.
    alma torturado pela dor e traições,
    traições que, como facas, me despedaçaram.
  3. Ei, não tenha medo, já minha ninfa diz,
    diz que eu morra
    (Esteban Manuel de Villegas)
  4. Meu templo, varanda florida
    da minha tenra idade,
    preto é, e meu coração,
    e meu coração com cabelos grisalhos.
    (Miguel Hernández)
  5. ninguém ama apenas um coração:
    um coração é inútil sem um corpo.
    (JM Fonollosa)
  6. Eu sei que tenho meu corpo fraco,
    fraco meu corpo, mas forte minha alma.
  7. Às vezes eu até penso em você vestido,
    vestido de mulher para a noite,
    a noite que tanto mudou em minha vida;
    minha vidadeixa eu te desabotoar…
    (Javier Krahe)
  8. Espere, não tenha medo de mim e deixe-o saber
    deixe-o saber que eu cheguei
  9. O Cid sofria muito, com trabalhos muito difíceis. cansado,
    cansado de tantas guerras que já passaram (…).
    (Romance do Cid)
  10. Eu sonho com você linda com seu azul vestido
    vestido que eu gostaria de remover mais tarde.
  11. eles vão te perdoar as horas;
    as horas que limando están os dias,
    os dias como são corrosivos os anos.
    (Luis de Góngora – “Da enganosa brevidade da vida”)
  12. Ei, não tenha medo, e minha ninfa diz
    diz que eu morra
    (Esteban Manuel de Villegas)
  13. O guerreiro é um homem que lucha,
    lucha contra todas as probabilidades para salvar seu povo ferido.
  14. (…) isso é o que você é tu.
    Vocêssombra aérea, quantas vezes (…).
    (Gustavo Adolfo Becquer)
  1. Meu templo, varanda florida
    da minha tenra idade,
    preto é, e meu coração,
    e meu coração
     com cabelos grisalhos.
    (Miguel Hernández)
  1. Tudo acontece e tudo é,
    mas o nosso é mercado,
    mercado fazer estradas,
    estradas sobre o mar
    (Antônio Machado)
  1. O lutador é um homem forte mas trocou o pankration pelo luvas,
    luvas que enforcou no ano seguinte (…).
  1. A alma de Blancaflor
    feridas flutuam no Rio
    no Rio 
    do amor.
    (Óscar Hahn)
  1. muitas tardes eles aninharam
    eles aninharam no cabelo dela
    e em seus lábios.
    (Maná – “No cais de San Blas”)
  1. Vamos ver se você acorda assim do sonho
    do sonho que entretém, morena,
    seus sentimentos.
    (Chabuca Granda – “A flor da canela”)

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Nota

 

A sra. suely reis, conhecida como simplesmente sys neste RL, tentou me acusar de plágio, fazendo intensa e deplorável campanha contra mim e o estilo que criei chamado Reverbera-Trio. Dizia ela, nas suas acusações, que eu tinha copiado o estilo que ela criou e chamou de ecosys só porque, assim como ela, repetia a última palavra do verso no verso seguinte. 

 

Mas esta era a única semelhança que o Reverbera-Trio tinha com o ecosys. Nada mais. Acontece que estou provando agora com este artigo acima, que esta técnica de repetir a última palavra do verso no início do verso seguinte, é muito antiga. Muito mais antiga do que ela, ou você, ou eu. É uma técnica do Classicismo, ou seja, data dos séculos XV e XVI, ou de XVI a XVIII. Isto significa, traduzindo para a contagem dos anos que estamos acostumados, aos anos entre 1401 a 1800. Ou seja, é bem antes da Proclamação da República. Quase um século antes! E ela tem o topete de dizer que foi criação dela, invenção dela?!!!

 

Está provada aí a falácia dessa senhora ignóbil.

 

Esclareço ainda que não estou escrevendo este texto apenas para afastar a acusação de plágiio a mim imputada. Além de querer colaborar com as pessoas que chegarem a ler todo este texto, tenciono aqui mostrar que a senhora citada cometeu um gravíssimo erro ao dizer que era criação dela a figura de linguagem de repetir a palavra final de um verso no início do verso seguinte. Isso já era praticado pelos poetas dos séculos XV a XVIII. Então, como já afirmei acima, se alguém cometeu plágio, foi esta senhora e não eu.

 

Fora o fato de o estilo que criei, o Reverbera-Trio, ser totalmente diferente do estilo que ela diz ter criado.

 

 

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Nota

 

Postado inicialmente em 06/12/2023

Alterado em 07/12/2023

Editado novamente em 07/02/2024 para corrigir um erro de digitação. Tinha escrito 2m no lugar de EM.

Alberto Valença Lima
Enviado por Alberto Valença Lima em 06/12/2023
Reeditado em 07/02/2024
Código do texto: T7948350
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