'Sorte', azar, incompetência ou imprudência?

Mévio vivia acabrunhado!

Sua vida não deslanchava, apesar de sua boa formação intelectual e profissional. Não conseguia firmar-se em nenhum trabalho e, conseqüentemente, não havia conseguido estável situação financeira que possibilitasse levar uma vida nos moldes normais de um pacato cidadão.

Com a instabilidade financeira decorrente, que norteava sua existência, freqüentes alterações em seu humor passaram fazer parte constante de seu dia a dia e a situação familiar também se tornou insustentável.

Separado da esposa e dos filhos, sem perspectivas de melhora financeira em curto prazo e perdendo os poucos amigos que ainda restavam, uma idéia fixa apossou-se de sua um tanto quanto já perturbada mente:

... Tenho de acabar com a minha vida!

Afeito em realizar seus intuitos sem muito pestanejar, foi da idealização à realização em pouco tempo.

Arrasado, choroso, descrente de tudo, atirou-se do alto de um viaduto, sob o qual havia uma via com grande movimentação de tráfego.

O ‘pobre suicida’ despencou ‘de cabeça’ diretamente sobre um veículo que naquele exato momento por ali transitava.

O surpreendido motorista, com o susto devido ao tremendo impacto em seu veículo, perdeu o controle chocando-se violentamente contra as colunas de sustentação do viaduto.

Tragédia total!

Entre as ferragens, corpo ensangüentado e já sem vida do pobre motorista surpreendido!

Sobre o desgastado asfalto da via, um desfalecido e distorcido corpo estendido.

Tumulto generalizado, corre-corre, resgate acionado, na contramão da via interditada, sob som estridente, viatura de atendimento emergencial carregou as vitimas para posto de atendimento mais próximo!

Nada mais podendo ser feito em relação ao condutor do veículo que já deu entrada em óbito, todas as atenções voltaram-se para o sobrevivente, sendo que, após diversos exames e cirurgia de emergência, foi considerado fora de perigo de morte, porém, sob diagnóstico que teria de conviver com algumas seqüelas!

Mas, como ‘desgraça pouca é bobagem’, principalmente para aqueles que saem à sua procura, dentre as seqüelas com as quais teria de conviver, Mévio não foi ‘contemplado’ com nenhuma que lhe privou das faculdades mentais, podendo, sob este aspecto, seguir uma vida normal...

E qual seria a razão que justificaria conceber que prosseguir em posse de suas perfeitas faculdades mentais podia ser considerada uma desgraça e não uma benção?

Descrente de tudo como estava, vivendo uma vida insegura e sem perspectivas, Mévio ainda acrescentou as suas desditas algumas seqüelas e o ‘enfrentamento’ de Processo Penal por crime doloso, pelo falecimento do condutor do veículo atingido pelo seu ato desesperado e insano acrescido de um Processo Civil movido pelos familiares do falecido em virtude dos danos materiais e morais, haja vista o ‘de cujus’ ser o único mantenedor financeiro da família.

Em ‘ordem inversa’ ao que buscava, teve sorte em sobreviver, azar por não haver atingido seu intuito, imprudência na forma encontrada para dar cabo de sua vida ou incompetência em sua execução?

Como vemos, além de ser uma péssima idéia ceifar uma existência que nos foi concedida com toda honra e glória, se mal executada pode envolver irmãos inocentes que nunca poderiam imaginar que, literalmente, a desgraça lhes caísse em cima!

HICS
Enviado por HICS em 13/04/2012
Código do texto: T3610898
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