Ética Jurídica. Os erros que os advogados jamais deveriam cometer

O presente artigo trata de algo importante na dinâmica aplicada no cotidiano do causídico, e, dentre tantas orientações, iremos focar-nos nas mais pertinentes e usuais que observamos no dia a dia da prática forense.

Primeiramente, antes de adentrarmos ao mérito, à essência deste artigo, imperioso se faz esmiuçar o que significa a palavra advogar: Advogar quer dizer: Falar por, ajudar, defender, dentre outros.

Desta feita, quando advogamos, munidos, é óbvio, de poderes outorgados por nossos clientes, estamos falando por alguém, representando alguém, sendo porta voz de um interessado, que, no caso, é o nosso cliente.

Cliente este que lança o encargo, os seus conflitos em nossas mãos, sobre nossos lombos, crente que será bem sucedido e que faremos o possível para que sua demanda seja solucionada da maneira mais justa e favorável aos interesses que ele larga e sinceramente anseia.

Face a isto, urge informar que o advogado deve, desde sua primeira entrevista com o cliente, informar de maneira prática, sincera, sem uso de termos técnicos, sem o famoso "juridiquês" - até porque o cliente em sua maioria das vezes é totalmente leigo no assunto - numa linguagem polida, formal, porém compreensível ao ouvinte, as chances, os prós e os contras no que concerne ao pleito do mesmo.

Deixando bem nítida a ideia de que usará as técnicas apropriadas ao caso concreto, mas sempre com amparo e alicerce na ética que deve predominar no labor diário do advogado compromissado, justo e correto, consciente da sua responsabilidade.

O advogado deve sempre ter em mente o juramento proferido quando de sua colação de grau, quanto à fidelidade tanto à sua própria consciência, ética pessoal e o valores que devem, obrigatoriamente, ser inerentes ao legítimo causídico.

Trazemos, neste artigo, conselhos e orientações baseadas na Ética não especificamente na seara jurídica, mas em várias áreas laborais, vez que a lisura e comprometimento do profissional para com o cliente são joias preciosas que lapidamos diariamente.

Eis as dicas:

- Converse com seu cliente de maneira breve e manifeste interesse com sua causa.

Deixei-o falar, desaguar, desabafar seu drama, seu problema, seu conflito.

A experiência nos assegura, sem sombras nem variações de dúvidas, que muitas vezes, o cliente precisa apenas ser ouvido, e os sábios conselhos e orientações conciliatórias surtem mais efeitos que demoradas e/ou rixosas demandas judiciais.

Portanto, prezar pelo acordo, pela conciliação, audição aguçada, cautela e paciência são essenciais a um bom advogado;

- Olhe em todos os momentos nos olhos do seu cliente.

Desviar o olhar pode demonstrar desinteresse, falta de foco e até má educação.

Lembre-se que as pessoas precisam de atenção, portanto, seja um exímio ouvinte

Lembre-se sempre que temos dois ouvidos e apenas uma boca e que ser um bom ouvinte é virtude de poucos.

Tire proveito desta sabedoria milenar e cresça.

- Mesmo tratando-se de um assunto que, sob sua ótica, experiência e percepção, seja um procedimento tão trivial, corriqueiro, simples, cotidiano e que não merecia tamanho desespero do seu cliente, mantenha-se firme e demonstre preocupação com sua causa.

Isto passa-lhes segurança e disto todos nós gostamos, não só na esfera jurídica, mas em todas as áreas da vida de qualquer pessoa;

- Não dramatize o problema do seu cliente, mas também não menospreze o seu dilema.

Lembre-se sempre que você está diante de um necessitado dos seus préstimos jurídicos e que uma palavra sua, será (ou deverá ser) seguida à risca pela pessoa mais interessada na solução do litígio e este ser é justamente o seu cliente;

-Não faça uso de palavras torpes, mesmo quando o seu cliente o faz. Ele sim, por estar desfrutando de instabilidade emocional, psicológica (quem sabe), e com os nervos e hormônios em plena ebulição, provavelmente o fará, mas, mantenha a ética, a educação, fale pausadamente, respire fundo e tente mostrar que com educação e dentro de um clima ameno, fica bem mais fácil resolver o conflito que o assola naquele atípico momento de sua existência;

- Percebendo que seu cliente é uma pessoa ansiosa e tensa, não poupe esforços, sendo um profissional proativo, tomando a iniciativa de ligar vez por outra para ele dando-lhes um feedback acerca do andamento do seu processo.

Este "detalhe" faz milagres, caro leitor, pois surte um enorme efeito e ele se sentirá mais seguro e bem assessorado.

Agindo desta forma, seu cliente, fatalmente, ao encontrar um colega que necessite dos préstimos de um bom advogado, ele, de pronto, obviamente indicará sabe quem? Você!;

- Não prometa o impossível ao seu cliente.

Faça questão de afirmar que o direito dele é bom (se for de verdade), mas que sua função é trazer a lide ao conhecimento dos magistrados, desembargadores e instâncias superiores, caso realmente seja mister, e que quem realmente tem o condão de decisão é a autoridade competente e não o advogado;

- Não almeje enriquecer de forma emergente às custas dos mais desavisados.

Lembre-se que os advogados não recebem salários, mas honorários, que significa honra.

Portanto, seja justo na cobrança dos seus honorários e caso seja realmente necessário, que tal atuar gratuitamente em prol de um cliente que jamais teria condições financeiras de contratar um advogado de sua naipe?

Isto chama-se solidariedade e amor ao próximo.

Pratique.

- Clientes sentem-se diminuídos, mas protegidos por seus advogados representantes, sabia?

Desta feita, em dado momento, esqueça toda a formalidade da investidura do cargo que você ocupa e do conhecimento secular que adquiriu ao longo dos 5 anos de um curso exaustivo de Bacharel em Direito e lembre-se que está diante de um ser humano idêntico a você, porém com profissão, escolhas e histórias diferentes da sua.

Seja humano e fuja da vaidade que não nos leva a lugar nenhum;

- Fazendo assim e ampliando estes conceitos, certamente você será um advogado humanista, sensível, competente, onde, consequentemente, terá como prêmio, muito sucesso, renome e reconhecimento.

Curta seu sucesso e seu inevitável crescimento.

Finalizando, não podemos encerrar esta matéria sem mencionar parte de um texto constante no livro de autoria do eminente escritor e professor Yves Gandra Martins Filho que afirma de forma brilhante:

" [...] ser o advogado a espinha dorsal de todos os profissionais dedicados às ciências sociais. Seu posicionamento encontra respaldo na função exercida por esse profissional que tem a missão primordial de defesa dos direitos e interesses do aconselhamento e de testar, provocando os poderes competentes, a legitimidade das leis.

É o Advogado, portanto, o mais relevante dos profissionais sociais, porque lhe cabe a função mais transcendente no organismo social, ou seja, a de defesa e interpretação de sua própria estrutura primeira, que é o sistema jurídico.”

Citação constante no artigo:

MARTINS FILHO, Ives Gandra. A função social do advogado. Revista do Advogado, São Paulo, ano IV, n.14, jul./set. 1983.