PENA DE MORTE!

PENA DE MORTE!

A violência sempre esteve em simbiose com a docilidade numa comunhão constante através do limalhar volátil dos tempos desde que a vida se fez presente em nosso planeta.

Por várias vezes, essa conjunção ficou patenteada no “livro da vida”, às vezes de modo sutil e despercebido em seu resultado final, ora, prejudicando alguém pela própria arbitrariedade da violência, ora, beneficiando pela amenidade da docilidade bondosa.

Não é viável a coexistência pacífica e a bondade sem a presença da violência, é necessária a miscelânea delas para que uma destaque da outra em direção de nossos sentidos, faltando uma delas, não há o que projetar ou justificar a oposta:

Não há bem sem o mal ou... Vice-versa!

Todo oposto está em proporção igual ao seu desafeto, desde que haja o equilíbrio do meio racional.

O meio termo é a razão de ser de todo empreendimento aceitável, em qualquer eventualidade que o fato nos seja apresentado, inclusive, no campo espiritual/psicológico.

Até Deus utilizou o meio termo para punir Adão, Eva e Caím pelas faltas cometidas, expulsando Adão e Eva e banindo Caím da família, colocando no último uma tarja preta na face por ter o mesmo cometido o delito mais grave, sem, entretanto, ceifar a vida de ninguém por considerar tal ato como “extremo”!

Duas coisas causam-me espécie repulsiva:

Os EXTREMOS e os EXCESSOS! Em todas as suas manifestações ou formas!

Estando presente, ou latente, o “estremo”, não há de que falar-se em julgamento justo e ponderável.

Os “excessos” desgastam as fontes e massacram os alvos deles, quaisquer que sejam! Tornando aleatórias as “linhas de visada” e a de “mira” nos campos materiais, espirituais, animais, psicológicos e até humano, influindo nas demais linhas da imaginação e de procedimentos diversificados.

Meio termo e equilíbrio se completam, harmonicamente, enquanto o primeiro, nivela a atuação, o segundo, a completa na horizontal, tal e qual um nível perfeito abrindo e apontando o horizonte para um resultado ideal.

A bondade e a docilidade são gêmeas fraternas, e nos foram doadas, no início da criação terrena, pelo Criador, que nos deu vida, alimento, moradia e geração inicial na pessoa de Adão e sua família, ex-moradores do fabuloso “Jardim do Éden”.

Em seguida, apresentou-se a maldade insinuando-se em Eva e sendo acatada por Adão. A “maldade” transfigurou-se em “violência” no âmago de Caím, aflorando em sua magnitude no fratricídio de “Abel” e... Existiam apenas alguns seres humanos na terra! Talvez não mais do que quatro! O que comprova que a violência e a maldade já, naquela época, estavam em simbiose com a docilidade e a bondade, em local onde havia um mínimo de pessoas envolvidas.

As atuais estatísticas alardeiam um aumento da violência num parâmetro insustentável, no que não encontra respaldo na verdade. Uma vez, que, no início da vida humana na terra, a “maldade” e a “violência” já medravam, meio a meio com a bondade e a docilidade, apenas, ressalta-se, a violência sempre foi fruto do “mal” e, a bondade, doação do Criador e, isso, pesa na balança, em virtude de Deus ser ”Tudo em todos”! Em assim sendo, a sua bondade e misericórdia não podem ser medidas pelo acréscimo da violência nem pela densidade populacional, local onde grassa o “mal”. Entretanto, esta doação de bondade para levar e haver a simbiose com o mal tem que haver a receptividade e o merecimento. O mal se gera por si só em razão de ser uma decadência de o próprio ser humano.

Não interferindo Deus no “modus vivendi” de seus filhos, Ele não dará a bondade e a misericórdia para a simbiose, a menos que passem a merecê-la.

Resta-nos uma solução paliativa e dependente do aval de deus:

O homem em sua essência ditatorial e egoísta, tão logo conheceu o fogo e uma paupérrima sabedoria, galardoou-se de ”dono da terra”, passando a explorar e destruir a natureza, principalmente, aos animais, vegetais e minerais e não satisfeitos, começou (há muito tempo) a embater um com os outros até transformarem-se no predador do próprio irmão.

Estes “extremos” mesclaram-se aos “excessos” transformando os bons princípios e o respeito, passando a afastar o “meio-termo” e o “equilíbrio”, essa dilatação de pensamento e atitudes foi diluindo a simbiose entre o bem e o mal, isso, só poderia levar ao aumento de um dos predicados antagônicos, com realce maior para a Violência, não tendo o homem o merecimento de receber o reforço da bondade e misericórdia de Deus, cabe ao mesmo fazer o equilíbrio sob o olhar atento do Criador, para tal equilíbrio, necessário se faz que os extremos sejam recolhidos ao centro com o recuo permanente das arestas... Sem apará-las! Para tal feito, não contando o homem com o merecimento de Deus, ele deverá inverter os pólos numa ótica humana de doação paulatina e diuturna, cedendo aos maus às vantagens que dá aos bons. Quanto mais o homem normal afastar-se do delinqüente violento, mais e mais o desviado e desajustado irá assimilando maldade dos seus iguais, em desfavor dos que se afastaram deles (os bons).

Numa sociedade perfeita, cada um dos seus membros tem sempre que aprender uns com os outros, todavia, para ser perfeito, o aprendizado tem que ser de coisas dóceis e boas. O mal não ensina docilidade nem humildade, portanto, os bandidos nada têm a nos ensinar! Dessa forma, eles perdem não aprendendo, e o mal de seus colegas vão se amolgando, cada vez mais neles, no entanto, se os bons e honestos misturarem-se com os desonestos e pervertidos, dando a eles sabedoria sem extremos e não recebendo deles a maldade, as arestas irão sendo assimiladas tal e qual a junção de átomos na química e, de quando em vez, haverá a transformação de “menos maus” em “iluminados” sem que os virtuosos percam nada na troca, dessa forma, ocorrerá a separação cadenciada dos violentos sobrando, tão somente, os irrecuperáveis!

Afastar-se de todos os maus é um erro grave! Julgá-los sem ter em mãos todos os dados é erro maior, isolá-los em um todo seria... Holocausto!

Por qual razão, os grupos de todas as religiões, sociedade de serviços e o próprio governo, não tomam às rédeas da situação, simplesmente procurando trazer para seus meios de circulação e vivência os violentos? Dessa forma, na quase plena luz da bondade e da sabedoria, eles poderiam ser dosados e domados além de instruídos para o “bem servir”. Se de todo não houver frutos imediatos e fartos, pelo menos, sem que os marginais o percebam, muitos deles terão às suas arestas influenciadas pelos bons exemplos e atos, e acabariam por deixar a vida irregular que levavam, o que delimitará os ‘maus pervertidos” dos “maus ocasionais” que ainda estão à caminho da perdição caso ficassem juntos:

Só a sociedade ganharia com isto!

Num campo de futebol, nos circos, nas quadras esportivas, igrejas, cinemas, nos clubes, etc. a população está presente, muita das vezes pagando por tal usufruto, contudo, os violentos também lá se encontram, entretanto, suas maldades estão retidas e tolhidas pelas ações dos esportistas, atores, representantes religiosos e... Pela contigüidade dos seus “semelhantes” de boa índole.

Seria isso um enfraquecimento do mal? Ou, seria o fato do mal, apesar de presente na galeria dos assistentes, se encontrarem rebaixado a planos inferiores pela visão e audiência de um ato considerado honesto? Acredito que a última hipótese é a mais viável, já que as trevas do mal não têm força para obscurecer a luz plena das boas ações. O que ocorreu então? Claro está que aconteceu apenas a junção e o equilíbrio dos maus à áurea dos bons e, essa simbiose, concorreu para o nível necessário para que o “mal” fosse mascarado, embora de forma momentânea. Contudo, provado está, que o mal não é constante nem os maus são totalmente solidários nas más ações, pois, se assim fosse, os maus praticariam más ações em quaisquer lugares e a todos os momentos!

A PENA DE MORTE para o ser humano é infame e boçal, atua claramente oposta à união simbiótica e tolerável entre o bem e o mal, além do fato de não ser correta e “boa,”, pois, se aplicada, seria um ato determinado pelos “bons”: MATAR OUTREM EM NOME DA PRÓPRIA “BONDADE” É UM ABSURDO IRRECUPERÁVEL!

O próprio Deus que era (e é) juiz e executor, ao julgar o primeiro crime de sangue, não matou o acusado, justamente por não querer macular o “Bem” dando-lhe a força de “Matar”! Tempos depois, num outro julgamento, cobrou dos julgadores os atributos de “jogarem a primeira pedra” desde que não tivessem “telhados de vidros”! Estará o bem aqui no planeta alicerçado no próprio “bem” para eliminar os semelhantes, alimentando-o com a eliminação de humanos, acabando com a vida, dom de Deus? Isso é praticar o bem? Têm tal “bem”, elementos cósmicos para refazer a vida em caso de erros no julgamento e condenação à morte?

Teria a nossa justiça, desde o mais humilde recruta e/ou aprendiz de detetive até o mais douto juiz, passando pelas instituições e aparelhagem científica, TODOS os condizentes para “salgar” e discriminar os mais ferrenhos criminosos, os encaminhando para a morte material e irreversível?

Acredito que não! Pois, para retirar qualquer coisa é preciso tê-la de antemão e, NÓS, NÃO SOMOS DONOS nem DAS NOSSAS VIDAS!

(aa.).S.A.BARACHO/98)

conanbaracho@uol.com.br

Sebastião Antônio Baracho Baracho
Enviado por Sebastião Antônio Baracho Baracho em 04/06/2007
Código do texto: T513483