SEIS TROVINHAS – III

1. Os teus olhares, senhora,

de tão eletrificados,

têm o rubor de uma aurora,

quando nos meus mergulhados.

2. A gaivota desenrola

o seu voo livre, no ar;

tu me pousaste à cachola,

gaivota que vai ficar.

3. Por uma estranha empatia,

não sei as causas primeiras,

minh’alma à tua se alia...

Quem sabe, são companheiras.

4. Tal e tanto o teu encanto,

que, raro, se te contemplo,

ateu, me morro de espanto,

como adentrando num templo.

5. Para rondar tua porta,

faço um desvio sem fim.

Ver-te sempre? Nem importa,

se segues dentro de mim.

6. Dize, amada, se tu queres

que eu te ponha num andor,

para seres das mulheres

a diva do meu amor!...

Fort., 27/10/2008

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 27/10/2008
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