MAIS TROVEJAMENTO DE TROVAS

1. Eu tanto gosto de ti,

que nem sei como encarar-te:

se como um raro rubi

ou fina peça de arte.

2. Em ti, a trova se estreita

e vale o quanto que pesa;

é que encerra a fé perfeita

e a tese da minha reza.

3. Voltaste, como vieste,

sem seres nem percebida,

levando o teu beijo agreste,

a pôr mais vã minha vida.

4. A tu'alminha, também,

por que não vem cá me ver?

Talvez te fizesse bem

tu teres meu bem-querer.

5. Estico os olhos no tempo,

e, na trilha deste olhar,

um doce perfil contemplo:

tu, a quem só sei te amar.

6. Lancei, em gesto de azo,

na tua mão, meu destino,

mas tu não fizeste caso,

talvez por não teres tino.

7. Quando peguei de te amar,

foi tudo como um feitiço;

amarrou-me o teu olhar,

minha paz levou sumiço.

8. Eu li, na tua expressão,

algum mistério marcado,

mas não creio na versão

de que tenhas me olvidado.

9. Eu, que não creio, mas rezo,

rezo, sempre que te vejo,

e, se te vejo, desprezo

tudo em redor, neste ensejo.

10. Tu tens, meu amor, na certa,

lugar no meu coração,

mas, quando a saudade aperta,

eu embarco em ti, então.

Fort., 11/01/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 11/01/2009
Reeditado em 11/01/2009
Código do texto: T1378661
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