GENTE DO MORRO
GENTE DO MORRO
Desci do morro outro dia
trazendo um samba no pé,
na cabeça a poesia
e grande exemplo de fé.
No morro o povo acredita
que a sorte virá um dia.
O vento sopra a desdita
e traz de longe a alegria.
Aqui, ali um parente,
ali, aqui um irmão.
E o barraco, de repente,
vai virando multidão.
Sabedoria de escola,
como é difícil encontrar!
Mas todos nascem com a “cola”
das provas que vão passar.
Nas contas todos aprendem
o sabor da divisão.
Se as lutas um pão lhes rendem,
lembram da fome do irmão.
No barraco tem goteira?
Há sempre uma voz irmã:
-Calma, a chuva é passageira,
haverá sol amanhã!
Quem foge à regra, entretanto,
não vinga. O pobre infeliz,
quando não troca de canto,
Do capim, come a raiz.