VERSOS NÃO VOS TRAGO NÃO

Já o combóio não pára

Aqui, na minha estação.

Já esta ferida não sara

A que trago no coração.

Vou p'ra outro apeadeiro

Quem sabe tenha mais sorte

Sofro dores do mundo inteiro

Já não há dor que suporte.

Viajo para parte nenhuma!?

Que o combóio não pára aqui

Não vos levo notícia alguma

Mitigo a sede por aí...

E por aqui ando à mercê

O olhar em busca duma certeza

No coração chama que ninguém vê

Um tempo vencido, a alma presa.

Sonho que não acaba, de resto!?

Àgua mole, teima até que fura.

Sou poeta escrevo modesto...

Na poesia esvazio a ternura.

Até a angústia me perguntava

Que é da Vida? Que vida ausente!

Transformo em luz noite cerrada

Desdenho da ansia da mente..

O Poeta versa e rima...

Ou não rima e versa apenas!?

É sempre poeta inda por cima,

Ri e chora das suas penas.

Vou chegando ao apeadeiro

Só trago comigo meus escolhos

Vou limpar o rosto primeiro

Lágrimas saudosas dos olhos.

Não pára o combóio na estação

Sigo a pé, vou confiante...

Versos, não vos trago eu não!

Trago sonho de pobre viandante.

natalia nuno