AS PRENDAS

CONTINUAÇÃO DE POESIA, RIQUEZA E RAZÃO - LUZIRMIL COIMBRA

127 -Mas o que citaste, é um velho ditado!

-Pois saiba ó caro amigo, que os ditados encerram,

tanta filosofia, como as que têm na terra!

128 -E sobre o valor de alguma prenda?

-As ofertas de quem deu lance, até um ponto, são cobertas;

nunca é o valor da prenda, pois contém coisas incertas!

129 - Creio que certas respostas, não é para que eu entenda!

-Sobre as prendas incertas, que estão no tabuleiro,

o leiloeiro apregoa, o nome de algum festeiro!

130 -Que festeiro?

-No mundo todos nós temos, a vida como uma festa;

porém nada aqui temos, pois é Deus que nos empresta!

131 -E sobre esse empréstimo?

-É para o leilão da vida, dar um certo resultado;

o arremate é feito, por quem mais tem ofertado!

132 -E sobre este leilão da vida?

-Tem a oferta de Deus, e a oferta do dinheiro;

um quer levar para o céu, o outro para o bueiro!

133 -Parece que dizes coisas intrincadas!

-Os mistérios que encerrei, nas frases acima ditas,

foi para testar tua mente, se em tudo acreditas!

134 -Oh! professor, eu o admiro!

-Um aluno aplicado, ao conhecimento profundo,

tem no seu mestre a coluna, que sustenta o seu mundo!

135 -Fala-me sobre a profundidade.

-Dos abismos o mais profundo, não é dos céus as alturas,

mas sim um buraco raso, que se chama sepultura!