Meu pai.

Eu e meu pai.

O alpendre do estreito

Foi nosso templo de outrora

Lá brincávamos todo dia

Independente da hora

Meu pai nos acalentava

Contando suas estórias.

Suas rimas? Lembro algumas!

Dizia com lucidez

Sempre amarrando as estrofes

Disse-me uma certa vez.

De cócoras estava Inês,

Quando chegou um freguês.

Pra ir à feira da Barra

sua rima era uma graça,

Dizia para mamãe

Minha roupa não se amassa

Em desfile de cueca

Eu morro e não tiro a calça.

Imitando certo alguém

Que em apuros estava,

Repetia um chamamento

De quem clemência implorava

Vaneime dona coninga

Zé cuninga me acaba.

As lembranças do meu pai

São belas de se contar

O carinho que nos dava

Nos fazia até chorar

Principalmente a estória

Da raposa e o sabiá.

Minha boa formação

Eu adoro proclamar

Herdei dos meus pais queridos

E ninguém vai me roubar

Mamãe me ensinou a ler

Papai me ensinou Amar.

Francisco Brito
Enviado por Francisco Brito em 13/12/2006
Reeditado em 30/09/2007
Código do texto: T316670