O CAVALHEIRO POÉTICO
Uma pista um rastro por onde passar
Era só o querer pro seu plano andar
Numa noite escondida viu o abraçar
Lamentou desagrado afim de encontrar.
Perdida nos vícios da doce lembrança
Suprindo a carência dos lábios molhados
Seguia aos prantos jurando vingança
Cravada com ódio esquecendo o amado.
Jurou de saber o tal jovem soberbo
Que no seu afago tornou-se ilusão
Traiu sua sombra ouvindo a ternura
E não deu valor, quanto a sua atenção.
Tão pouco inocente se fez a donzela
Que do seu olhar o dia anunciou
Matando a sede do tal cavalheiro
Que tanto esperava e logo chegou.
Tomou de um gole outro rumo a pureza
Pedindo aos céus uma explicação
No frio penetrante de uma companheira
Vingança profunda sorriu tentação.
Palavras tormento ferindo seu corpo
Talvez de um jeito quem sabe ou de outro
As lágrimas muitas caindo do rosto
De quem foi verdade e quis o seu troco.
Até que a memória por fim esquecida
Suspirou em seu âmago frígida e ferida
Mostrando a foto de sua irmã perdida
Segura e desprende do fio de sua vida.
Caiu na razão o engano perfeito
Arrependida e colada ao amado sofrendo
Perdida na fé do que não tem mais jeito
Brindou com a morte do mesmo veneno.
Quebrando as correntes que a angústia apertava
Provou do seu ódio a doce lição
Tão bela e desnuda leveza de pluma
De quem não tem alma e nem coração.