Guerra do Ultramar(anos sessenta).

Pairam nos horizontes

Mais de mil incertezas

Até a água das fontes

Chora suas tristezas.

Jovens vão p´ra guerra

No coração a saudade

Deixam a sua terra

E também sua metade.

No cais as namoradas

Tristes ficam a acenar

São vidas adiadas

P´ra quem queria casar.

Vão combater lá longe

Uma luta sem sentido

No cais ficam hoje

Mulheres sem marido.

Muitos não vão voltar

Dessa triste guerra

P´ra sempre irão ficar

Sepultados noutra terra.

Combatem sem saber

O porquê dessa guerra

Noite e dia vão sofrer

Saudades da sua terra.

Fome e muito cansaço

Sem água p´ra beber

E também com estilhaço

Sempre alguém a morrer.

Muitos voltam doentes

Outros feridos a coxear

E cínicos os governantes

Os vão condecorar.

Ficaram órfãos e viúvas

Para sempre a chorar

Porque mentes turvas

Nos estão a governar.

De heróis eles chamam

A estes jovens desgraçados

Mas são eles que mamam

Da guerra os resultados.

Um dia decerto irá acabar

Esta guerra sem sentidos

Ou os jovens vão desertar

Se o governo não der ouvidos.

LuVito.