Ao meu pé de tamarindo

Meu tamarindo provecto

Eu não esqueço de ti

És o meu mito senecto

Lugar lindo onde vivi

Tua origem secular

Me deixa meio hesitante

Quem me dera te abraçar

Nesta vida a cada instante

Tu não sentes o que sinto

Mas eu sinto o que tu sentes

Somos assim diferentes

Cada um com seu instinto

Na tua égide sombria

A musa rude me inspirava

momento de nostalgia

Por minha terra tão brava

Eu sempre afaguei teu tronco

Regaço do meu passado

Porém o destino bronco

Me fez assim contristado

O nosso mistério infindo

Ninguém pode decifrar

Tu vives sempre mais lindo

E eu vivo sempre a chorar

Tiveste uma infância bela

Bem diferente da minha

O tempo ainda te zela

A saudade me espezinha

Neste labutar misérrimo

Eu te revelava tudo

A vida de um ser paupérrimo

Que a sorte lhe fez sisudo

Sempre rezei genuflexo

A reza que mais ouvi

Hoje lamento perplexo

Por estar longe de ti

Na mais triste indiferença

Eu vivi juntinho a ti

Nem os meus me deram crença

No lugar onde eu nasci

A minha dor foi maior

Por perder a minha frátria

Já tu vives bem melhor

Junto a tua terra mátria

Tu tens vida sedentária

Eu vivo do nomadismo

A padecer como um pária

Que marcha pro cataclismo

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 19/12/2013
Código do texto: T4618227
Classificação de conteúdo: seguro