CROCHÊ

Meia noite, naquela casinha lá longe, sob cinco graus, à luz da lua...

Na casa no pé da montanha,

Enquanto a lareira estalava...

VoVó já tecia uma manta,

Pro frio que se aproximava.

Corria com dedos ligeiros,

Que já tinham até reumatismo...

Agulhas que qual tapeceiro...

Trançavam algodão...fios de linho.

Criança eu me fascinava...

Trabalho um tanto brejeiro,

Vovó era quem enfeitava

Toalhas para o nosso banheiro!

Fazia também as bainhas...

De finos panos de pratos,

Decorava toda cozinha...

Crochê até nos guardanapos!

Tão rápido...ziguezagueava...

Pelo trabalho trançado.

Contorno em lindas florzinhas...

O fio parecia bordado!

E quando a neve caía...

Dourando das árvores os galhos,

Natal!-todo mundo sabia!

Crochê até nos penduricalhos.

Pro pés ela então nos tecia...

Pantufas de pura Lãzinha

Enquanto a noite descia,

E a neve encobria a casinha!

Pras mãos crochetava luvinhas,

De ponto bastante apertado,

Senão logo de manhâzinha...

Dedinhos- todos resfriados!

Então, olhava pela janela,

e via tudo congelado...

Apenas o meu coração,

Batia um tanto suado.

Enquanto vovó esquentava

A nossa infância querida...

O destino também crochetava...

As cenas da minha vida...