CORAGEM DE SOBRA
Não nasci de saco roxo
Mas tenho coragem de sobra,
Meto bronca na mulher
E brigo com a minha sogra.
Não me chamem de grosseiro
Com linguagem de tapera
Vocês me dariam razão
Se conhecessem as feras.
São duas onças pintadas,
Que estão sempre reunidas,
Com as garras bem afiadas
Pra infernizar minha vida.
Se uma onça grita: pega!
A outra já ordena: capa!
Criam uma rede de intriga
Que nem o diabo escapa.
Pra beber com os amigos
Já aprendi direitinho,
Digo que vou à igreja
E me mando pro Barzinho.
Beber em casa não posso
Pois as duas já vão xeretar,
Tomam as minhas cervejas
Quando saio pra trabalhar.
A sogra, essa que é braba!
Muito pior que a filha,
Até lutou como Cabo
Na Revolução Farroupilha.
Pra dançar com a mulherada
Nesses bailões de domingo
Saio na ponta dos pés
Quando as feras tão dormindo.
Quando volto pra casa
Lá pela segunda-feira
Fico com as orelhas ardendo
De tantos ouvir baboseira.
E assim vou levando a vida
E olha que não sou gabola,
Se me ordenam:- fique em casa!
Eu respondo:- sim, senhoras!
E eu volto a dizer de novo,
O que disse lá no começo,
Que é pra ficar registrado:
Coitadinho como padeço!
Não nasci de saco roxo
Mas tenho coragem de sobra
Meto bronca na mulher
E brigo com a minha sogra