A Grande Babilônia
Vou-me embora pra Brasília
Não há nada o que temer
O meu carro eu lavo a jato
Moro lá. É o meu dever...
Vou-me embora pra Brasília!
Vou-me embora pra Brasília
Marco o Aurélio, e não sei ler...
O Senado é uma aventura
De tal modo inconsequente
Tem Delação Premiada
Um que rouba e outro mente
Tem até entorpecente
Na aeronave que eu não tive
E como farei conchavos...
Foro Privilegiado!
Montarei meu gabinete
Gastarei o que é do povo
Sem ter que me preocupar
E se a imprensa descobrir...
Mostro o audi... Oh! Mentira!
Apresento o meu currículo
De laranjas a propinas
Pois aprendi de menino
Como bem negociar
Vou-me embora pra Brasília
Em Brasília tem de tudo
Outra civilização?
Tem um processo seguro
Lá ninguém vai prá prisão
Tem tanto tanto discurso
Tem político à vontade
Tem um tribunal supremo
Para a gente gargalhar
E se o mandato acabar
Não ligo, serei reeleito
E que se lixe esse povo
Não vota em quem é direito
Vou-me embora pra Brasília
Eu aqui não fico não
Vou-me embora pra Brasília
Moses ADAM
Ferraz de Vasconcelos,
2504.2018
Releitura e Paródia
do poema de Manuel Bandeira
“Vou me embora pra Pasárgada”