7144-Primeiras TROVAS PUBLICADAS - Por Silvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil [Caderninho de Trovas]

7144- ALGUMAS TROVAS PUBLICADAS

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Por Silvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil

[Caderninho de Trovas]

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Que pena ver passarinhos,

em seu lar, engaiolados…

Cantam SAUDADES dos ninhos

dos áureos tempos passados.

Nunca mais vou te esquecer!

Perfumaste meu CAMINHO,

pois, fizeste renascer

a flor do lençol de linho.

Naquele LENÇOL de linho

ficou o perfume do amor,

das carícias, do carinho,

da saudade, flor da dor.

Se você não posso ter

guardarei o seu PERFUME

na flor que posso colher

pra não perder o costume.

A SAUDADE perfumada

na estrada que não conheço

vem da flor apaixonada

dos lençóis que não esqueço.

Na estrada que já conheço

tem perfume de SAUDADE,

pois teu amor não mereço:

-Só uma sincera amizade.

A SAUDADE de um amor

sempre vem e nos tira a paz

e o bichinho desta dor

faz coçar, ferida traz.

Sei que a SAUDADE não mata,

mas sei do que ela é capaz,

traz dor quando o amor desata

e ao roer, ferida faz.

Sei que a SAUDADE incomoda

e até parece infinita

mas quando o amor volta,

a roda gira feliz, é bendita.

SAUDADE traz à presença

alguém que já foi embora,

tristeza leva à descrença,

por isso, nossa alma chora.

Quando a tristeza me invade

ponho o sonho no barquinho

canto o fado da SAUDADE

e espero o mar de carinho.

Saudade não tem idade…

na criança ou mocidade,

só guarda felicidade

e vem na MATURIDADE.

Temos muito que fazer

para conquistar o amor…

mas difícil é concorrer

com quem só tem DESAMOR.

Só quem teve bons momentos,

diz o adágio popular,

tem SAUDADE e, em pensamentos,

sofre sem poder falar.

No teu JARDIM do prazer

plantei sementes de amor,

mas hoje quero esquecer

a saudade até da flor.

Palavras joguei ao VENTO…

Estão a chorar no espaço!

-Vou buscá-las! Não agüento

ficar sem laço e abraço!

O AMOR põe sonhos reais

nas asas inquebrantáveis

não se preocupa com os ais,

nem com rimas mensuráveis.

O café com RAPADURA

tem dos médicos receita,

porque tristeza ele cura

se é dado à pessoa eleita.

Eu quis tanto ser feliz…

que uso máscara de Rei…

mas o CARNAVAL me diz,

que em mim, valor eu não dei.

O mundo dá tantas voltas,

é pontual numa esfera;

No verão não tem escoltas,

traz SAUDADES da galera.

Outono do Amor? SAUDADE:

dos prazeres, da delícias…

Inverno? Infelicidade:

só por falta das carícias,

Vivemos juntos a aliança

de um perfeito CASAMENTO,

mas nasceu outra criança

só da amante…Não agüento!

Autocrítica me alcança,

bom senso, no pensamento:

-SAUDADE sem esperança,

já não permite lamento

Vou viver sem meu amor,

porque agora só me resta,

esperar passar a dor

que sofri “naquela festa.”

Trago a lembrança caiada

que deu-me a paz esperada,

mas no SEPULCRO, adornada

a alma vive atormentada.

A esperança chega e canta

o que o amor quer ouvir,

na paixão que faz-de-conta

faz o CORAÇÃO sorrir.

Toda FLOR marca a presença

de uma ternura sem par

e carrega a antiga crença

do amor que se quer doar.

A solidão passo-a-passo

vai deixando-me tristonho…

já não sei mais o que faço

para ativar o meu SONHO.

Ninguém sabe quem tu és,

nem que te faço RAINHA,

quando vou aos Cabarés

por curto tempo…só minha.

As FLORES da nossa casa

murcharam, sem primazia;

a saudade vem e me arrasa

ao ver a jarra vazia.

As perdidas ESPERANÇAS

renascem a cada dia

porque recolho as lembranças

e delas faço poesia.

Eu sinto com tua voz,

a falar aos meus OUVIDOS,

que o amor que existe em nós

já tem frutos conhecidos.

Está vendo, meu amor,

aquela ESTRELA a piscar?

Ela espanta minha dor

porque brilha em teu olhar.

Fonte:

MOTTA, Sílvia Araújo. In A Trova e o Trovador. 2ª ed. Belo Horizonte, MG: 2010.368 páginas. Ver página 21.

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Fonte virtual online gratuita leitura:

https://issuu.com/silviaraujomotta/docs/livro___a_trova_e_o_trovador__revis_o__4_-_368_pag

Silvia Araujo Motta
Enviado por Silvia Araujo Motta em 08/04/2020
Reeditado em 10/04/2020
Código do texto: T6910801
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