Iniciando um roteiro para construção de personagem principal e obra

Dar-se forma à personagem. Então, questiona-se a que tipo de personalidade, e atividade, pretende-se enquadra-la. Nesse caso, ela será uma personagem de duas facetas: a externa rígida e forte, exemplar; e a interna, conflitante, inconstante, porém, tomada pela necessidade de seguir em frente apesar dos problemas. Dito isso, ela toma uma posição de chefia ou diretoria de alguma empresa ou órgão. Por fim, escolhe-se trabalhar esses detalhes do ambiente de trabalho em texto (tomando um caminho de romances) ou se esses detalhes estarão permeados nos diálogos e nas cenas, sem a necessidade de descrevê-los um a um (como se a obra fosse construída pela combinação de diversos contos).

E a moça (ainda sem nome), portava-se inabalável. Era exemplar aos novatos. Quando alguma prova se fazia e não havia espaços para erros e perdas, ela era sempre a escolhida para liderar. Temor e respeito, era o que conseguia da sua equipe.

- Dérick, cadê os resultados provisórios da primeira incursão de aplicação dos recursos?

Ele, com uma voz temerosa, responde:

- Ainda nã-... Interrompido por uma olhar do qual lhe congelava e servia-lhe de aviso. - Trago em breve!

Então ela entra em sua sala. Lá, senta e abre o seu computador. Num clichê de escritório, sua secretária invade a sala e ambas se dedicam ao cronograma para aquele dia.

Outra escolha fundamental nessa construção será a do narrador da história. Entre diversas escolhas, nessa opção acima, foi escolhido um narrador observador, ou seja, ele não participa da história. Essa espécie de narrador é o que fará ponte entre o mundo dos eventos da narrativa e o leitor. Logo, tem-se que pensar qual será os tipos de 'poderes' que esse narrador possui. Como a história será sobre uma personagem que detém de camadas que oscilem entre estar em uma posição segura e, em outros momentos, numa posição de conflitos e fragilidade, o narrador é quem deve tomar de conta dos detalhes das eventualidade. Exemplo:

E em sua casa, às 22h, joga-se na sua cama e inicia um processo de relaxamento. Nesse momentos, sozinha em sua casa, é quando demonstra seu outro lado. Ela suspira abafado, tira seus sapatos e se encolhe na cama. Como não precisa mais estar rígida, por conta dos constantes desafios empresariais, problemas e memórias do passado conseguem lhe alcançar. Então, por estar sozinha, o primeiro incômodo seria o da falta de algum romance. Em seguida, lembra de sua família, que poderia estar presente. E a desolação começa a lhe fatiar a confiança. Numa tentativa inocente de buscar ajuda, toma o celular na mão e cai na armadilha de abrir uma de suas redes sociais. Fotos de amigos e parentes se divertindo. Sua caixa de mensagens apenas com elogios dos resultados esperados ou de que acreditam que ela será capaz de resolver os problemas da empresa. Porém, nenhum convite para sair, viajar, ou encontra com alguém. Nenhuma declaração de saudade. E em apenas cinco minutos, o peso da sua vida pessoa escorre pelos olhos. Ainda sendo a única fonte de luz em seu quarto, ela solta o celular próximo. Com a pouca força que lhe resta, levanta em direção ao banheiro; os respingos do chuveiro poderiam lhe confundir sobre ainda esta chorando ou não. Em sua mente prevalecia a questão se ela estava limitada a somente ter aquilo em sua vida. Se a culpa era das suas escolhas ou se era o seu destino. Mas a única certeza é que tudo estava por desmoronar.

E com isso, monta-se a progressão e a profundidade da história. Este seria uma espécie de prólogo da ideia, em que os elementos são:

• uma empresa, em que seu porte não foi definido ou revelado;

• uma protagonista clássica, em que os eventos da história vão depender e estar atrelados a ela;

• personagens secundários que ou irão se sujeitar as necessidades da protagonista ou irão, também, se posicionar contra;

• um antagonista psicológico e emocional, que irá atrapalhar a protagonista em suas tarefas, assim, que perigos ele irá oferecer?: atrapalhá-la em suas atividades para a tornar mais forte?; fazer com que no desandar da rotina atual ela comece a repensar a busque mudar?; em que faça a protagonista dê ou receba uma pausa nesse estilo de vida e busque consertar suas relações ou que comprove que talvez ela não precise dessa relações do qual ela sente falta e, por fim, faça-a retornar ao trabalho ou mude de vida? - quais problemas/desafios o antagonista irá oferecer e qual será a evolução do protagonista diante esses problemas/desafios?

Acredito que esses seriam os primeiros passos a serem dados para dar vida a um universo e, desse universo, quem será o centro das atenções. Histórias podem tomar diferentes caminhos, e esses, se não me engano, deve ser um dos mais básicos. sua estrutura são de eventualidades recorrentes com algum propósito, único ou múltiplo, como, por exemplo, apresentar ou introduzir algum evento ou obstáculo; ou descrever como algum problema afeta ou atrapalha o andar da carruagem; ou em como a personagem percebe e interage com alguma coisa ou alguém; ou se algum conflito transpassará a ideia de solução ou não. Uma boa obra é caracterizada pelos amarrar de cada cena e momento, pelo ritmo com que esses elementos narrativos se conciliam, pelo domínio se um elemento deseja causa aflição, raiva, esperança, conforto, desespero, dúvida ou qualquer outro sentimento. Escrever uma obra é difícil, pois é como ter poderes de se criar um mundo e assumir a responsabilidade pelo bem e pelo mal dele. Escrever uma obra é compromisso com os detalhes e com a proposta, é saber separar entre o que você prefere e o que é melhor para ela.

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 05/10/2023
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